Stonex: Resumo Mensal Açúcar (Fevereiro/21)

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Stonex: Resumo Mensal Açúcar (Fevereiro/21)

02/03/2021

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Em fevereiro, os futuros do demerara adotaram uma trajetória altista bastante consistente, com o contrato SBH1 atingindo a máxima de 18,94 c/lb, patamar que não era visto há 4 anos. Nos últimos dias do mês, porém, o mercado iniciou uma correção técnica, encerrando as negociações da tela Mar/21 a 17,53 c/lb, ainda uma alta expressiva de 10,7% no mês. O novo contrato contínuo SBK1 apresentou trajetória semelhante, apesar de um pouco menos de intensidade: operou dentro do intervalo de 15,12 – 17,52, encerrando o mês cotado a 16,21 c/lb (+9,1%).

 

Ao longo do mês, houve a expiração do contrato H1 tanto em Londres quanto em NY, o que trouxe diferentes influências ao mercado. Em Londres, a entrega do açúcar branco foi a maior já registrada para março e a 4ª maior de toda a história, ao serem entregues 511,75 mil toneladas. Tal volume corrobora com o elevado spread entre as telas H1-K1, que encerrou as negociações em US$ 17/t e o prêmio do branco, que se manteve próximo ao patamar de US$ 110/t, reforçando uma elevada demanda pelo adoçante. Já em NY, a entrega foi menor do que o imaginado, totalizando 893,21 mil toneladas, pouco abaixo da média de 5 anos de 908 mil toneladas, o que tem levado o mercado a uma certa realização, já que levantarem-se dúvidas acerca da real resiliência do consumo e do aperto do trade-flow no curto-prazo.

 

Oferta Menor da Commodity Leva a Movimento Construtivo

No mês de fevereiro, ganhou força a precificação dos agentes de um elevado aperto do trade-flow do mercado de açúcar no curto e médio prazos tendo em vista uma menor produção em importantes países produtores, além de problemas logísticos em outros, que diminuem a expectativa acerca da real disponibilidade da commodity no mundo. Com isso, a precificação de um segundo ano consecutivo de déficit em 2020/21 (out-set), desta vez ainda maior, impulsionou as cotações dos futuros de NY e Londres, além de contribuir para forte inversão do mercado também na bolsa americana, a qual chegou a atingir a máxima de 1,42 c/lb no spread H1-K1 na ICE/NY no dia 23/02.

 

Na Tailândia, a falta de chuvas segue pressionando os canaviais, com a precipitação em janeiro 53% abaixo da média histórica. Com isso, até a 1ª metade de fevereiro, houve a moagem de apenas 52,5 MMT de cana, 22,3% abaixo do registrado um ano antes, culminando em uma produção de apenas 5,7 MMT (-21,1%). Na esteira destes eventos, as exportações até janeiro posicionaram-se 56,5% abaixo da média de 5 anos, acumulando 1,17 MMT desde outubro. Na Europa, a queda de produção também é bastante significativa em meio à disseminação do vírus amarelo nas lavouras, o que tem levado muitos produtores a solicitarem apoio governamental e a substituírem suas plantações por outras variedades agrícolas, já que a safra não seria mais lucrativa.

 

O Centro-Sul brasileiro também oferece pressão altista sobre as cotações do NY#11, uma vez após elevadas chuvas em dezembro e janeiro, houve a precipitação de apenas 103 mm em fevereiro, 40% inferior à média histórica. Logo, a expectativa de menor produção na safra 2021/22 ganhou ainda mais força ao longo deste mês, ainda mais porque o preço do etanol sofreu forte apreciação (até ontem, o indicador StoneX para o hidratado em Ribeirão Preto/SP com impostos auferiu ganhos de 38% desde o final de janeiro para R$ 3,60/L), podendo levar usinas a diminuírem o mix açucareiro, apesar da paridade ainda ser favorável ao adoçante.

 

Além disso, o atraso da exportação de soja no Brasil por conta do clima mais seco no 2º semestre de 2020 gera temores de congestionamento dos terminais portuários, podendo atrasar o fluxo de exportações de açúcar. Entre outubro e janeiro, as exportações de soja somaram 4,1 MMT, queda de 72% comparado a um ano antes e somente em janeiro, tal queda foi de 96%. A Índia, por sua vez, já vem enfrentando problemas logísticos com a falta de contêineres há algum tempo, o que tem dificultado o escoamento de sua produção ao exterior, apesar de uma produção recorde de 20,89 MMT até 15/02. Entre 2,5 – 3 MMT de açúcar foram contratados para exportação, mas diversas casas apontam que estas devem se posicionar ao redor de 4,9 MMT na temporada corrente, abaixo da meta de 6 MMT, primeiro por conta do atraso na definição do subsídio de exportação e depois por conta desses problemas logísticos.

 

Refletindo este cenário construtivo do mercado e a possível pressão de margem de agentes vendidos na conta - que pode ter levado ao fechamento de suas posições à mercado - os especuladores ampliaram sua posição comprada líquida entre 02/02 e 23/02 em quase 20 mil contratos para 236.589 contratos, enquanto os comerciais ampliaram sua posição vendida em 3,18% para 493.313 contratos.

 

Vale ressaltar que na última semana do mês, as cotações do NY#11 passaram por um movimento de correção. Após a abrupta alta, é natural uma correção do mercado com a realização de lucros de especuladores. Após uma entrega menor contra o H1, os agentes podem ter se dado conta de que o preço já estava demasiadamente apreciado, devolvendo parte dos ganhos recentes para uma melhor precificação do trade-flow do bruto no curto e médio prazos.

 

 

Cenário para os próximos meses 

Portanto, a tendência é que o contrato Maio/21 busque se consolidar ao redor de 16,00 c/lb no curto-prazo, um patamar que refletiria as quebras de produção em importantes países, mas que precificaria o possível menor consumo da commodity. Neste contexto, destaque para a China, que sustentou as compras de açúcar no mercado global recentemente, tendo importado 2,5 MMT entre outubro e dezembro de 2020 (+153% A/A), mas que não emitiu licenças de importação automática nos primeiros 2 meses do ano, não devendo importar novos volumes ao longo do 1º trimestre. Até mesmo cerca de 1,7 MMT de açúcar que já aguardam nos terminais chineses há algum tempo para ter autorização de entrada no país podem acabar sendo re-exportados por tradings no mercado internacional, o que conferiria mais um fator de resistência às cotações.

 

Outro fator de resistência que pode impactar o mercado é a proximidade do início da nova safra no Centro-Sul. Ainda que as condições adversas do clima devam conferir um atraso de cerca de 2 a 3 semanas no início da moagem na região, espera-se que a volta da produção no Brasil possa conferir certo alívio ao aperto do trade-flow a partir de maio, apesar de uma menor produção ser esperada. Diante disso, poderia ocorrer uma normalização da curva futura do NY#11 em breve? Ainda é cedo para saber, já que tais fatores podem sugerir tal movimento, ao passo que um cenário deficitário de O&D segue sobre à mesa e permanecem dúvidas acerca da capacidade de recuperação dos canaviais do CS e da safra tailandesa a partir do 2º semestre, dado que apesar do alto preço do açúcar estimular o aumento da área plantada no país asiático, a falta de chuvas segue limitando tal recuperação.

 

Do ponto de vista altista, os próximos passos da produção e logística de açúcar nos países que têm apresentado dificuldades recentemente será ponto chave para saber se o mercado possui fôlego para novas altas. Se o cenário macroeconômico continua sob elevada injeção de liquidez, o recente aumento das taxas de juros de longo-prazo da economia americana em meio ao aumento das expectativas inflacionárias gera uma maior aversão ao risco de investidores, atraindo muitos especuladores para a ilha de segurança dos treasuries. Já o real, segue ainda mais enfraquecido em relação ao dólar e deve continuar incentivando as exportações brasileiras, já que as reformas estruturais não avançam no país – pressionando as contas públicas –, enquanto os casos de Covid-19 voltam a crescer, gerando perspectivas mais negativas de recuperação econômica.

 

 

Mercado Físico Brasileiro

Se os preços em c/lb passaram por um brusco movimento de alta em fevereiro, o dólar seguiu bastante apreciado em relação ao real, conforme apontado na última sessão. Sendo assim, a paridade em reais do NY#11 bateu novos recordes, tendo superado a marca de R$ 2.350/t base FOB no dia 22/02. O indicador CEPEA/ESALQ, por outro lado, registrou ganhos mais modestos, encerrando o mês cotado a R$ 109,13/sc (+0,5%), sendo registrado baixo volume de negócios. A tendência é de preços construtivos no curto-prazo, já que atingiremos o pico da entressafra no CS e o etanol tem gerado bons negócios para as usinas, enquanto exportações permanecem em alta.

 

 

Fonte: StoneX

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