O consumo de diesel no Brasil deve totalizar 64,2 milhões de metros cúbicos (m3) em 2023, aumento de 1,57% em relação ao ano passado, segundo a consultoria StoneX. A expansão da demanda deve se concentrar no terceiro trimestre do ano, quando ocorre a colheita do milho e o aumento da entrega de fertilizantes para o início do plantio de soja, fatores que movimentam a demanda pelo combustível para transporte.
Segundo o analista da StoneX Bruno Cordeiro, as perspectivas em relação à melhoria da safra agrícola, sobretudo de soja, contribuem para a manutenção de previsão de alta da demanda de diesel.
Em 2022, o consumo do diesel no Brasil alcançou 63,2 milhões de metros cúbicos, expansão de 1,79% frente a 2021. A previsão de desaceleração do crescimento para este ano está relacionada às perspectivas de um crescimento econômico menor, segundo Cordeiro. "A demanda por diesel tem uma correlação muito forte com o nível de atividade econômica", diz.
No ano passado, as importações de diesel pelo Brasil registraram recorde, segundo os dados da consultoria. Ao todo, o Brasil importou 16 milhões de m3 de diesel em 2022, alta de 9,3% na comparação anual.
Com isso, as compras de diesel do exterior abasteceram 25% do consumo nacional no ano, ante o percentual de 23% em 2021. De acordo com Cordeiro, o alto volume de importações está relacionado ao aumento da demanda.
"O país segue dependente das compras de diesel advindos do exterior. Nesse sentido, existe uma tendência de que as importações se mantenham aquecidas frente as estimativas de demanda recorde do diesel para 2023", afirma.
Nos últimos anos, não houve aumento expressivo de processamento de petróleo no Brasil, devido à falta de construção de novas refinarias.
O governo Lula tem sinalizado intenção de retomar a ampliação do parque de refino.
Na contramão do aumento do consumo de diesel, o biodiesel teve o pior desempenho em 2022 dos últimos três anos. Ao todo, o Brasil consumiu 6,2 milhões de m3 de biodiesel em 2022, retração de 7,2% na comparação anual, de acordo com os dados da StoneX.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) reduziu a adição obrigatória de biodiesel ao diesel para 10% em 2021 e manteve o percentual reduzido no ano passado. A redução foi uma das tentativas do governo de evitar que a elevação dos preços do biodiesel contribuísse para o aumento dos preços do diesel para os consumidores finais.
A previsão da StoneX é que o cenário mais provável para 2023 seja de uma adição mínima obrigatória de biodiesel ao diesel entre 11% e 13%. Com isso, o Brasil deve consumir ao todo de 6,9 milhões de m3 a 8,1 milhões de m3 de biodiesel. Caso os volumes se confirmem, representariam uma alta na demanda de 10,2% a 27,5% na comparação com o ano passado.
Fonte: Valor Econômico
Extraído de UDOP