StoneX prevê déficit global de açúcar de 800 mil toneladas para 2021/22

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StoneX prevê déficit global de açúcar de 800 mil toneladas para 2021/22

05/10/2021

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A equipe de inteligência de mercado da StoneX atualizou suas projeções para o saldo global de açúcar no recém-iniciado ciclo internacional, mantendo sua perspectiva de um novo déficit global em 2021/22, considerando a base outubro a setembro.

 

Segundo a consultoria, a demanda deve superar a oferta em 800 mil toneladas, caracterizando a terceira temporada consecutiva com déficit de açúcar em nível global, em meio à quebra de safra no Centro-Sul do Brasil. Para a StoneX, este deve ser um fator de suporte aos preços da commodity em Nova York e Londres.

 

De acordo com as analistas Marina Malzoni, Rafaela Souza e Natalia Silva, em relatório trimestral divulgado pelo grupo, o desenvolvimento dos canaviais na Índia foi favorecido por um regime de monções dentro da normalidade.

 

No país asiático, a produção deve totalizar 31,5 milhões de toneladas de açúcar branco (+1,9%), já descontando cerca de 3 milhões de toneladas do adoçante que devem ser direcionadas à produção de etanol. Além disso, a consultoria espera que o país exporte cerca de 5 a 6 milhões de toneladas do adoçante, tornando-se central no suprimento da demanda global.

 

Embora a dinâmica climática se mostre favorável para o avanço da produção de açúcar no país, os estímulos à destilação de etanol continuarão sendo um ponto de atenção. “Segundo indicativos, as usinas indianas faturam cerca de US$ 2 por tonelada a mais ao optar pela produção do biocombustível em detrimento do adoçante”, comentam Malzoni e Souza.

 

Na Tailândia, a produção de açúcar deve avançar para 10,5 milhões de toneladas, alta anual de 39,1%, devido às chuvas favoráveis ao desempenho dos canaviais. Outro fator benéfico é a maior remuneração da cana e a consequente ampliação da área plantada. Conforme a StoneX, o país deve incrementar seu excedente exportável em 2021/22, especialmente a partir de janeiro.

 

Além da Índia e da Tailândia, a União Europeia e o Reino Unido devem observar avanço na produção de açúcar na temporada corrente, recuperando as perdas observadas em 2020/21 (de outubro a setembro). Segundo a StoneX, de modo geral, a umidade elevada durante o verão europeu se mostrou positiva para a produtividade da beterraba – que também se beneficiou da aprovação emergencial do uso de neonicotinoides, com consequente controle da disseminação do vírus amarelo sobre as lavouras.

 

Por sua vez, a menor disponibilidade hídrica das últimas semanas e as previsões de clima mais seco e temperaturas mais elevadas, podem beneficiar a recuperação da concentração de açúcares na beterraba. Com isso, a StoneX projeta aumento anual de 11,9% na produção pela União Europeia e Reino Unido em 2021/22, para 17,2 milhões de toneladas de açúcar branco.

 

Safra brasileira

Ainda assim, as atenções continuarão direcionadas ao regime climático no Centro-Sul brasileiro. “A manutenção do déficit hídrico e a ocorrência de geadas na região pesaram ainda mais sobre o rendimento dos canaviais, levando à perspectiva de redução de 12% na moagem em 2021/22 (de abril a março), estimada para alcançar 533,1 milhões de toneladas”, destaca a consultoria.

 

Embora as previsões climáticas apontem para umidade mais favorável no médio prazo, o que pode conferir certo alívio para o desenvolvimento dos canaviais a serem colhidos a partir do ano que vem, a disponibilidade de cana em 2022/23 ainda deve se manter significativamente abaixo do observado em anos anteriores, aposta a consultoria.

 

E não apenas isso. Segundo a StoneX, a ocorrência de La Niña pode diminuir o volume de chuvas na região, colocando-se como ponto de atenção para a recuperação da produtividade no próximo ciclo. Com isso, a consultoria espera que o cinturão canavieiro produza 32,2 milhões de toneladas de açúcar (tel quel) entre outubro deste ano e setembro do próximo ano, demonstrando retração anual de 10,3%.

 

Mercado global de açúcar

Pelo lado da demanda, sinalizações têm apontado para aumento na procura internacional, principalmente na Ásia. Além das perspectivas positivas acerca do consumo na Indonésia, a China também deve importar um volume significativo em 2021/22, com as estimativas operando entre 4,6 milhões e 5 milhões de toneladas.

 

Conforme Malzoni detalhou no IV Seminário da StoneX realizado na manhã de hoje, 5, existem ainda alguns pontos de atenção, como os fretes elevados e a escassez de containers no mercado global, que pode ser um fator limitante do ritmo na procura global por açúcar nos próximos meses. “A tendência de fretes elevados pode perdurar até 2022 e vai ser um ponto de atenção para mensurar com maior propriedade como deve se comportar o consumo de açúcar daqui para frente”, detalha.

 

A analista aponta outros fatores que vêm demonstrando a recuperação da demanda global, como o line-up nos portos brasileiros, que teve um salto na última semana. Para ela, este é um indicativo de um maior apetite de compra pelo adoçante nacional. A tendência, ainda assim, é de recuo por conta da quebra de safra no Centro-Sul, de acordo com a Malzoni.

 

Outro fator é o prêmio ao açúcar branco. Após passar por patamares bem baixos no início de agosto, ele teve recuperação, até mesmo ultrapassando os US$ 90 por tonelada. “Isso indica um ambiente mais favorável para compra do açúcar bruto por polos de refino para depois fazer a revenda da variedade branca”, detalha Malzoni.

 

Além disso, a StoneX espera que os estoques de açúcar alcancem 73,6 milhões de toneladas em 2021/22 (de outubro a setembro), recuo anual de 800 mil toneladas, enquanto a relação estoque-uso é estimada em 39,1%.

 

Fonte: StoneX

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