A sexta-feira (17) inicia em clima de pré-Carnaval pelas ruas do Brasil afora, mas no campo econômico o dia é de agenda esvaziada no Brasil e no exterior.
A entrevista dada ontem (16) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à CNN Brasil segue no radar dos agentes. Na visão de analistas da XP Política, o chefe do Executivo voltou a colocar em xeque a autonomia do Banco Central caso a “economia não melhore”, mas de uma maneira mais “suave”.
Na ocasião, Lula disse que pretende revisar a autonomia do BC quando terminar o mandato do atual presidente, mas afirmou também que não cabia a ele “ficar brigando” com o chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
Depois de tamanha polêmica envolvendo eventual mudança nas metas de inflação, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) terminou sem debater a pauta.
Na cena externa, investidores repercutem falas mais hawkish (inclinadas ao aperto monetário) de autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central americano) após dados mistos da economia americana. A expectativa é que a autoridade possa promover altas de juros mais fortes do que o esperado anteriormente.
No Tesouro Direto, as taxas oferecidas pelos títulos públicos registram queda no início da manhã, de até 13 pontos-base (0,13 ponto percentual). O movimento é oposto ao registrado nos juros futuros, que registrava alta na maior parte dos vencimentos no mesmo horário.
Na primeira atualização do dia, o maior recuo era registrado pelo Tesouro Prefixado 2033, em que o juro passava de 13,42%, na sessão anterior, para 13,29%.
No mesmo horário, os papéis atrelados à inflação voltavam a oferecer remunerações reais abaixo de 6% ao ano. Caso do Tesouro IPCA+2029, que via a taxa real cair de 6,05% para 5,95% na abertura dos negócios de hoje.
Funcionamento do Tesouro Direto no Carnaval
As negociações do Tesouro Direto serão suspensas na segunda-feira (20) e terça-feiras (21) da semana que vem em virtude do Carnaval. Já na quarta-feira de cinzas (22), o mercado de títulos públicos retomará as atividades a partir de 14 horas, com as compras e vendas seguindo normalmente até as 18 horas.
Segundo o Tesouro Nacional, o investidor precisa ficar atento porque os investimentos feitos até as 18h de amanhã (17) serão liquidados apenas no dia 22 de fevereiro.
Da mesma forma, resgates solicitados entre 13h e 18h do dia 17 de fevereiro também só serão liquidados na próxima quarta-feira (22).
Os agendamentos de investimentos podem ser realizados entre as 18h desta sexta-feira (17) até as 14h do dia 22 e fevereiro. Serão considerados os preços e taxas de abertura de mercado da próxima quarta-feira (22).
No dia 22 de fevereiro, o mercado abrirá para compra e venda às 14h e os títulos negociados nesta data serão liquidados no dia seguinte.
Falas de Lula e Orçamento
Após aliados terem se mobilizado para dizer que a autonomia do Banco Central não está sendo discutida pelo governo, apesar das críticas ao nível da taxa de juros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a sinalizar ontem, em entrevista, que pode discutir o assunto, caso as ações da autoridade monetária não contribuam para melhorar a economia.
“Isso nunca foi, para mim, uma questão de princípio. O que eu quero saber é o resultado. Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo. Mas se não melhorar, nós temos que mudar”, declarou Lula, em entrevista à CNN Brasil.
“Eu não me preocupo com a autonomia do Banco Central. Vamos ver qual é a utilidade que a independência do Banco Central teve para este País. Se trouxe para o País uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum”, emendou o presidente, ao dizer que o BC tem compromisso com a sociedade e com o Congresso.
O petista também afirmou que a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), não pode ser a razão pela qual o Banco Central aumenta a taxa Selic. Ele também disse que o País não tem, no momento, inflação de demanda.
Também na cena econômica, o governo publicou ontem (16), em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), o Decreto de Programação Orçamentária e Financeira do Poder Executivo. A norma propõe que dos R$ 194,8 bilhões previsto no Orçamento para bancar as despesas discricionárias, R$ 66,6 bilhões poderão ser empenhados até março.
Segundo o Ministério do Planejamento, o decreto não faz limitação de empenho, nem bloqueia ou contingencia a despesa de nenhum ministério ou órgão. Um bloqueio ou contingenciamento só ocorrerá, informou a Pasta, a partir do primeiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, previsto para 22 de março.
Segundo o Broadcast/Estadão, a equipe econômica trabalha para segurar as despesas no primeiro trimestre do ano e sinalizar o compromisso com a redução do déficit das contas públicas para pelo menos 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023.
O limite de R$ 66,6 bilhões representa o quanto o governo pode gastar até março em relação ao total de despesas previstas no Orçamento para todo o ano.
Aperto do Fed
Já na cena externa, os mercados mundiais amanhecem em baixa nesta sexta-feira (17), com investidores preocupados que o Federal Reserve (Fed) possa promover altas de juros mais fortes, após falas de integrantes da autoridade monetária e indicadores mistos.
O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,7% em janeiro, segundo dados dessazonalizados e divulgados na quinta-feira (16). Em uma base não ajustada, o índice de demanda final aumentou 6,0% nos 12 meses encerrados em janeiro de 2023. O consenso Refinitiv apontava para uma alta menor, de 0,4% no mês e de 4,9% no ano.
Já os pedidos de seguro-desemprego caíram a 194 mil na semana, abaixo da expectativa de 200 mil.
Além disso, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse na véspera que apoiou um aumento de 50 pontos-base na taxa de juros na reunião anterior do banco central e que não descarta um aumento dessa magnitude na próxima reunião da autoridade.
Fonte: InfoMoney