A semana promete. A segunda-feira (20) começa com a notícia de que o UBS concordou em comprar o Credit Suisse por US$ 3,2 bilhões, em um acordo mediado pelo governo suíço, com o objetivo de conter uma crise de confiança que ameaçava se espalhar pelos mercados financeiros globais.
A quarta-feira (22) será, na verdade, uma “Super Quarta”, com decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Lá fora, dados do CME Group apontam que o mercado atribui aproximadamente 62% de chance de um aumento na taxa básica de 0,25 ponto percentual pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano). Os outros 38% apostam na manutenção, antecipando que o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, pode começar a aliviar o aperto iniciado em março de 2022.
Por aqui, os investidores aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa é de que o Banco Central mantenha a Selic nos atuais 13,75% ao ano. Apesar da pressão do governo e de uma ala de economistas para que os juros diminuam, predomina a visão de que o Copom seguirá com postura cautelosa para garantir a convergência da inflação à meta.
“A semana é de volatilidade. Haverá a divulgação do IPCA-15 na sexta-feira, e talvez a apresentação das novas regras fiscais. Ainda não é possível entender se a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é postergar ainda um pouco mais esse tema ou se será coisa de um ou dois dias”, afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Ele ressalta que a situação bancária está no pano de fundo. “Não se sabe se a crise já estancou, com a questão resolvida nos Estados Unidos e na Europa, ou se vai aparecer mais algum problema específico com os bancos franceses, que também estão dando sinais de problemas”, diz Cruz.
Na primeira atualização do Tesouro Direto, às 9h25, os juros dos títulos públicos apresentam poucas diferenças com relação aos valores vistos na última sexta-feira (17). O Tesouro Prefixado 2026 apresenta igual retorno da sessão anterior, de 12,32% ao ano – o piso entre os títulos prefixados.
O maior retorno era oferecido pelo Tesouro Prefixado 2033, com 13,18% ao ano, ligeiramente abaixo dos 13,19% da sexta-feira.
Entre os títulos atrelados à inflação, os juros do Tesouro IPCA+ 2045 eram de 6,47%, um pouco acima dos 6,45% vistos na sessão anterior.
UBS acerta compra do Credit Suisse
O UBS concordou em comprar o Credit Suisse depois de triplicar sua primeira oferta, em um acordo mediado pelo governo com o objetivo de conter uma crise de confiança que ameaçava se espalhar pelos mercados financeiros globais.
“Com a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, foi encontrada uma solução para garantir a estabilidade financeira e proteger a economia suíça nesta situação excepcional”, diz um comunicado do Banco Nacional da Suíça, que observou que o banco central trabalhou com o governo suíço e a Autoridade de Supervisão do Mercado Financeiro Suíço para promover a fusão dos dois maiores bancos do país.
Com os termos definidos, os acionistas do Credit Suisse receberão 1 ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit detidas, o que equivale a um valor de 0,76 francos suíços por papel, para um total de 3 bilhões de francos (ou US$ 3,2 bilhões), disse o UBS em comunicado. O acordo criará uma gestora global de patrimônio com US$ 5 trilhões em ativos investidos.
Focus
A projeção de inflação para 2023 feita pelo analistas de mercado teve ligeira queda nesta semana, de 5,96% para 5,95%, mas as estimativas subiram para 2024, 2025 e 2026, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (20) no Relatório Focus, do Banco Central.
A projeção do IPCA de 2024 avançou de 4,02% para 4,11, a de 2025 permaneceu saiu de 3,80% para 3,90% e a de 2026 subiu de 3,79% para 4,00%.
Especificamente para os preços administrados, a projeção do IPCA para 2023 manteve a tendência de alta verificada há 16 semanas e passou de 9,13% para 9,36. Há um mês, a projeção estava em 9,01%. A estimativa para 2024 também subiu, de 4,40% para 4,50%. A de 2025 avançou de 3,94% para 4,0% e a de 2026 estacionou em 4,0%.
Fed
“Esperamos que o Fomc faça uma pausa em sua reunião de março, que acontece esta semana, devido ao estresse no sistema bancário”, aposta o Goldman Sachs. “Embora os formuladores de políticas tenham respondido agressivamente para fortalecer o sistema financeiro, os mercados parecem não estar totalmente convencidos de que os esforços para apoiar bancos pequenos e médios serão suficientes. Acreditamos que as autoridades do Fed, portanto, compartilharão nossa visão de que o estresse no sistema bancário continua sendo a preocupação mais imediata no momento”.
Segundo projeções do FedWatch, do CME Group, os juros que hoje estão na faixa de 4,50-4,75% devem chegar a 4,75-5,00% na reunião a ser realizada em 22 de março pelo Fed. As chances de haver uma manutenção agora estão em 38%. Para a reunião de 3 de maio, a perspectiva predominante (54,3%) é de que a taxa de juros vá para 5,00%-5,25%. A manutenção em 4,50-4,75% agora é aposta de 25,8% do mercado. Uma alta de 0,25 p.p., para 4,75%-5,00% agora é vista por 19,9% do mercado.
Selic
O mercado prevê a manutenção de juros a 13,75%. De acordo com dados da B3 (B3SA3), há ainda uma pequena chance de redução da taxa em 0,25 pontos, na reunião dos dias 21 e 22 de março. Os dados são reflexos dos contratos de opções de Copom que permitem a negociação da variação da taxa Selic Meta, decidida a cada reunião do comitê.
Arcabouço fiscal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu, na última sexta-feira (17), ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que amplie as conversas com o mundo político e com economistas, além de fazer novos cálculos sobre a proposta da nova âncora fiscal, que vai substituir o teto de gastos, informou a Folha de S. Paulo. Segundo integrantes do governo, Lula recomendou que o Tesouro Nacional faça cálculos sobre o impacto de um dos pontos da proposta, além de pedir detalhamentos adicionais e simulações. Para esta segunda-feira (20) estão previstas novas reuniões para debater o tema. A discussão ocorre enquanto o PT pressiona para que a nova regra fiscal não implique cortes drásticos em áreas consideradas sensíveis por lideranças do partido.
Mercados
Os mercados mundiais amanhecem no campo negativo, com investidores repercutindo a compra do Credit Suisse pelo UBS anunciada no fim de semana. Logo depois que o UBS anunciou seu acordo de aquisição, o Fed anunciou que havia se juntado a outros bancos centrais em uma operação conjunta de liquidez. O grupo de bancos centrais – incluindo o Banco do Canadá, Banco da Inglaterra, Banco do Japão, Banco Central Europeu e Banco Nacional Suíço – concordou em aumentar a frequência de seus acordos de linha de swap em dólares americanos de semanal para diário.
Fonte: InfoMoney