As taxas dos títulos do Tesouro Direto operam em firme alta nesta quarta-feira (17), com investidores analisando a tramitação do arcabouço fiscal no Congresso e o resultado positivo do varejo nacional em março.
A urgência do marco fiscal deve ser votada hoje na Câmara dos Deputados. Líderes partidários costuraram acordo na segunda-feira para colocar o texto em pauta. Se a urgência for aprovada, o texto não passa por comissões antes de ser analisado em Plenário.
Outro assunto importante é o volume de vendas do comércio varejista no Brasil, que cresceu 0,8% em março na comparação com fevereiro. Os dados foram divulgados às 9h pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vieram muito acima do consenso Refintiv, que projetava recuo de 0,8% na base mensal.
Na comparação com março de 2022, houve crescimento de 3,2%. Para Cristiano Santos, gerente da pesquisa, esse aumento de 0,8% representa a saída de uma estabilidade em fevereiro para um resultado que pode ser considerado como crescimento.
Investidores ainda aguardam notícias dos Estados Unidos sobre as negociações entre congressistas e o presidente Joe Biden sobre o teto da dívida do país. O presidente encurtou uma viagem internacional para tratar do assunto.
No Tesouro Direto, os três títulos prefixados ofereciam retorno maior que o observado na última atualização de ontem. O título mais longo, o Tesouro Prefixado 2033, tinha a maior variação, com retorno de 11,81% ao ano contra 11,69% oferecido ontem. O prefixado com vencimento em 2026 subia de 11,27% para 11,38% e o papel com vencimento em 2029 saía de 11,66% para 11,76%.
Nos títulos atrelados à inflação, destaque para Tesouro IPCA+ 2029, que entregava rentabilidade real (acima da inflação) de 5,47%. Ontem, o retorno real do título chegou à mínima histórica de 5,35%.
O aumento também era visto nos papéis mais longos, com o retorno real do Tesouro IPCA+ 2055 subindo de 5,77% para 5,84% e o do Tesouro IPCA+ 2040 passando de 5,72% para 5,79%.
Arcabouço fiscal
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse, na última terça (16), que a expectativa do governo é que se possa votar a urgência do marco fiscal nesta quarta, e o mérito, na próxima semana. De acordo com ele, tal calendário tem o aval de líderes de partidos, inclusive de oposição.
“Expectativa é que a gente possa, de fato, votar, cumprir aquilo que foi estabelecido no acordo com líderes no dia de ontem, na reunião dos líderes com a presidência da Câmara, a gente possa votar a urgência do marco fiscal no dia de amanhã e trabalhar a votação do mérito na próxima semana”, disse o ministro, após reunião com líderes do MDB e ministros indicados pelo partido nesta terça-feira. “Tenho ouvido de líderes, também de partidos que se declaram de oposição, a vontade de estar junto na votação, seja no requerimento de urgência, seja no mérito.”
Na expectativa do governo em relação ao Congresso, Padilha disse ter falado com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na segunda-feira para que se possa concluir a votação das medidas provisórias (MPs) do governo anterior no Senado até a próxima semana.
Venda do varejo
O volume de vendas do comércio varejista no Brasil cresceu 0,8% em março na comparação com fevereiro. O desempenho de março foi bem superior ao esperado pelo mercado, uma vez que o consenso Refinitiv projetava recuo de 0,8% na base mensal.
Na comparação com março de 2022, houve crescimento de 3,2%, o oitavo resultado positivo consecutivo do índice. A previsão na comparação anual era de uma queda de 0,1%. Já no indicador acumulado nos últimos 12 meses, a alta foi de 1,2%.
Teto da dívida dos EUA
O presidente americano, Joe Biden, vai encurtar sua agenda de viagens internacionais por causa do impasse do teto da dívida dos Estados Unidos. Biden deverá retornar aos Estados Unidos no domingo, 21, logo após a conclusão da cúpula do G7, e adiou a ida à Austrália e à Papua-Nova Guiné que ocorreria na sequência, disse a Casa Branca, sem informar nova data.
Biden antecipa sua volta para poder se encontrar mais uma vez com os líderes congressistas e garantir uma ação do Congresso a tempo de prevenir um default, afirmou a porta-voz Karine Jean-Pierre em comunicado.
“O presidente deixou claro que os parlamentares de ambos os partidos e câmaras do Congresso devem se unir para evitar a inadimplência, como já fizeram 78 vezes”, disse na nota. “O presidente e sua equipe continuarão trabalhando com a liderança do Congresso para entregar um acordo orçamentário que possa chegar à mesa do presidente.”
Fonte: InfoMoney