No primeiro dia útil do ano, as atenções do mercado se voltam para as medidas que dão início, efetivamente, ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou posse neste domingo (1). Como os mercados de Nova York, da maior parte da Ásia e do Reino Unido ainda estão em recesso de Ano Novo (o feriado que caiu no domingo foi transferido para hoje), o temor causado pela percepção de risco fiscal pauta a agenda dos investidores nesta segunda-feira (2).
Os discursos de Lula durante a solenidade de posse – em especial o proferido no Congresso Nacional, que deu um forte peso ao retorno do Estado como indutor do desenvolvimento econômico – têm grande impacto hoje no Tesouro Direto.
Lula prometeu, por exemplo, reformar a legislação trabalhista e chamou o teto de gastos de “estupidez”, afirmando que ele será revogado. Não houve menção a um novo arcabouço fiscal.
Também no dia 1° de janeiro foram assinados os primeiros decretos presidenciais, sendo os mais importantes, do ponto de vista macroeconômico, o da esperada manutenção do pagamento de R$ 600 para as famílias mais pobres e o da prorrogação por 60 dias da desoneração sobre os combustíveis.
Este último anúncio terá um impacto na arrecadação federal e contraria uma defesa feita pelo novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tomou posse nesta segunda.
“O presidente Lula falou sobre ter um estado grande; sobre ter uma participação relevante do Estado na economia. E uma das notícias que está sendo monitorada é com relação aos impostos, sobre prorrogação por 60 dias da desoneração sobre os combustíveis. Isso foi muito mal recebido pelo mercado. A isenção dos impostos era para acabar no último dia de 2023, mas ela foi então prorrogada por mais dois meses”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.
Além disso, analistas do mercado financeiro continuam a elevar a perspectiva para a inflação de 2023, 2024 e 2025 e a reduzir a expectativa de queda dos juros neste ano, segundo estimativas divulgadas nesta segunda-feira no Relatório Focus, do Banco Central.
As mais de 100 instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC também passaram a estimar um Produto Interno Bruto (PIB) levemente superior neste ano, mas inferior em 2025. Para o dólar, a perspectiva ficou estável nos três próximos anos.
A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 2023 (de 5,23% para 5,31%), 2024 (de 3,60% para 3,65%) e 2025 (de 3,20% para 3,25%).
Com isso, o Ibovespa Futuro abriu com queda de 1,3%, aos 109,5 pontos. Já o dólar comercial avançava 1,2%, a R$ 5,34 e futuro mais 0,9% a R$ 5,36 nesta manhã.
Às 10h38, o mercado de títulos públicos operava com alta nas taxas. O destaque é o Tesouro Prefixado 2029, com retorno de 13,05%, bem acima do apresentado na quinta-feira (29), 12,81%, última sessão de 2022.
As negociações do Tesouro Prefixado 2033 voltaram a operar. Elas estavam suspensas devido ao pagamento do cupom semestral, que ocorre nesta segunda-feira.
E os investidores viram a cobrança da taxa semestral de custódia, que ocorre no primeiro dia útil de janeiro.
Já entre os papéis atrelados à inflação, a maior taxa real era oferecida pelo Tesouro IPCA+ 2026, no valor de 6,32% ao ano, superior aos 6,18% registrados na quinta-feira passada.
Fonte: InfoMoney