A União Europeia começa a traçar uma estratégia para suspender gradualmente os lockdowns, mesmo diante de mais atrasos da campanha de imunização devido aos possíveis riscos relacionados à vacina da AstraZeneca.
“Há motivos para esperar uma redução substancial na prevalência do vírus, aumentando a perspectiva da suspensão das restrições que pesam sobre os cidadãos e a economia”, diz um documento da Comissão Europeia que será divulgado na quarta-feira. “Os cidadãos da UE têm boas razões para esperar que a situação melhore”, segundo minuta do documento vista pela Bloomberg.
A suspensão coordenada dos lockdowns será baseada em um “sistema de níveis que reflete a situação epidemiológica em cada estado membro”, segundo a Comissão.
A publicação do documento coincide com o aumento dos contágios no continente, o que obriga governos a prolongar ou reimpor restrições.
O sistema de níveis, a ser proposto pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, vai simular a capacidade que cada governo tem para aliviar as medidas “sem correr o risco de uma reversão na propagação do vírus”. O CDC tem como objetivo lançar o sistema no próximo mês, diz o documento.
A UE quer vacinar a maioria da população adulta contra o coronavírus até o final do verão europeu, abrindo caminho para um retorno à relativa normalidade depois que a pandemia matou mais de 550 mil pessoas no bloco e causou recessão recorde.
A empresa de pesquisa de Londres Airfinity avalia que a suspensão do uso da vacina da Astra em alguns países da UE devido a preocupações com possíveis efeitos colaterais poderia atrasar em um mês a meta de imunizar 75% da população.
Ainda assim, a minuta confirma que o bloco espera que 300 milhões de doses sejam distribuídas aos estados membros no segundo trimestre, o que pode ajudar a acelerar os lentos programas de vacinação do bloco.
Passe de vacinação
A Comissão dirá na quarta-feira que as vacinas são apenas uma peça do quebra-cabeças da reabertura. Na quarta-feira, o braço executivo da UE também publicará uma proposta legislativa para um passe digital certificando que os titulares foram vacinados, testaram negativo ou se recuperaram da Covid.
A versão mais recente do regulamento para o “Certificado Verde Digital” permite que vacinas autorizadas pelos governos nacionais, mas não ainda pela Agência Europeia de Medicamentos, sejam incluídas no certificado. O documento sugere que cada estado membro deve decidir se os imunizados com tais vacinas são considerados imunes e, portanto, seguros para viajar, de acordo com uma pessoa a par das propostas.
A Hungria já começou a administrar vacinas fabricadas na Rússia e na China, que ainda não receberam a aprovação do regulador de medicamentos da UE. A decisão de incluir vacinas no certificado que não receberam autorização da UE pode ajudar a facilitar as viagens de fora do bloco, ajudando economias dependentes do turismo a atrair mais visitantes.
O passe também incluirá um mecanismo para vacinas administradas em países fora da UE.
“O turismo e outras viagens de fora da UE são uma característica importante da abertura”, dirá a Comissão, prometendo “facilitar a adaptação das restrições onde viajantes de países terceiros” estão “em posição de apresentar certificados sob um sistema considerado suficientemente confiável”.
Fonte: Money Times