A XP informou nesta quarta-feira uma rodada de piora em projeções para câmbio, juros, inflação e atividade econômica em 2021, citando alta dos juros externos, recrudescimento da pandemia no Brasil, noticiário sobre a Petrobras (SA:PETR4) e "sustos" na tramitação na PEC Emergencial.
A casa agora prevê dólar de 5,30 reais ao fim deste ano (4,90 reais antes), IPCA de 4,9% (3,9% antes), Selic de 5,00% (ante 3,5% na estimativa de fevereiro e 2% da taxa atual) e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,2%, abaixo da taxa de 3,4% esperada antes.
O prognóstico para o PIB de 2022 também foi cortado --de alta de 2,0% para 1,5%.
Segundo a XP, desde a publicação do relatório de expectativas de fevereiro, os cenários econômicos no Brasil e no mundo se tornaram "mais desafiadores".
"No Brasil, a dinâmica da pandemia piorou, demandando medidas restritivas mais duras. Na economia, a troca de comando na Petrobras, a decisão de subsidiar preços de diesel e gás de cozinha e a tramitação da PEC emergencial sinalizam o risco de maior intervenção política", afirmou a XP.
"Por fim, a decisão do ministro Fachin de suspender as condenações do ex-presidente Lula no âmbito da Lava-Jato tende a intensificar a polarização nas eleições de 2022", acrescentou.
Para a XP, o texto da PEC Emergencial aprovado pelo Senado --e que agora tramita pela Câmara-- foi "relativamente positivo", com limitação do volume de recursos para o Auxílio Emergencial e contrapartidas de melhoria da governança fiscal. Mas a instituição financeira avalia que a tramitação foi "turbulenta" e lembra que o presidente Jair Bolsonaro sinalizou intenção de diluir as contrapartidas ao auxílio emergencial.
"Neste novo cenário, os prêmios de risco dos ativos brasileiros tendem a ser persistentemente mais elevados", disse a XP.
A previsão de dólar a 5,30 reais ao fim do ano, apesar de acima da estimativa anterior, ainda embute apreciação da taxa de câmbio, já que a moeda norte-americana spot era cotada nesta quarta-feira em torno de 5,73 reais. Segundo a XP, a perspectiva de queda do dólar frente aos patamares atuais reflete cenário de superávit das contas externas e de alta dos juros locais.
No caso do PIB, o crescimento menor previsto se deve à piora da pandemia, ao aumento da volatilidade dos ativos financeiros e à redução mais rápida dos estímulos monetários, que se sobrepõem aos efeitos expansionistas da nova rodada de auxílio emergencial.
Do lado externo, a XP nota que parte da pressão inflacionária sugerida pela escalada dos rendimentos dos Treasuries seja em função de choques de oferta, que devem ser normalizados à medida que a economia norte-americana se recuperar.
"(Mas) esperamos que o Fed reaja de forma decisiva para proteger a retomada em curso se os mercados de renda fixa entrarem em uma dinâmica semelhante à do 'taper tantrum' de 2013", disse a XP.
No mercado financeiro, "tantrum" é um termo usado em referência a uma violenta reação de investidores a mudanças em condições de liquidez e de estímulos. O episódio mais famoso, que ficou conhecido como "taper tantrum", é de maio de 2013, quando os rendimentos dos Treasuries dispararam após o Fed sinalizar redução de estímulos.
Fonte: Reuters